Descrição enviada pela equipe de projeto. Esta intervenção na Mouraria reabilita um conjunto heterogéneo de sete edifícios degradados e um logradouro, adequando-os a um programa habitacional com exigências de qualidade, possibilitando a valorização deste troço abandonado de cidade. O seu carácter particular prende-se com a diversidade de modos de intervir, resultantes dos diferentes níveis de conservação e de interesse do existente: o projecto decorreu desde a manutenção de fachadas e reconstrução tipológica e funcional, à demolição e reinvenção integral, passando por uma intervenção mista de conservação de fachada e recomposição dos interiores.
Estes distintos modos de operar são acompanhados por variações de números de pisos e de ajustamentos altimétricos, criando uma complexa articulação e compatibilização entre acessos, níveis altimétricos dos pisos e vãos existentes. O resultado é um conjunto edificado em que a maioria dos fogos apresenta uma solução específica, o que lhe garante uma identidade própria (duplex’s, fogos em piso único, fogos com entrada comum por átrio, outros acessíveis directamente a partir da rua, em mansarda, com pés-direitos duplos, acusando interiormente as águas do telhado, outros em aproveitamento de cobertura com trapeiras, com pátios privativos, com terraços, com varandas, etc.) Devolveram-se ao espaço público as fachadas recuperadas e expurgadas de elementos espúrios, e procurou-se o convívio equilibrado entre pré-existências de qualidade variável e uma desejável linguagem contemporânea para as novas intervenções.
Tratando-se de uma série de edifícios distintos, houve que garantir a unidade do conjunto pela escolha de materiais e de uma linguagem que pudessem “coser” os vários elementos. A tardoz, assumiu-se uma composição decorrente da repetição de vãos-tipo e de varandas corridas, como reforço da expressão unitária no “avesso” da imagem pública. As demolições no logradouro - compartimentado por construções, muros, e áreas pavimentadas - devolveram-lhe escala de conjunto para usufruto colectivo, ampliando-se a sua permeabilidade com novas zonas relvadas e pavimentos semi-permeáveis.